segunda-feira, 3 de novembro de 2008


Enquanto não chega, decoramos palavras, desenhamos dias felizes, traçamos um mundo privado,inventamos futuros de sol aberto.

Um dia ele chega.

E traz consigo a revelação do êxtase-

Nós e o Amor.

E a vida passa a ser um deslumbramento.

Uma certeza.
Mas as noites são longas.

A luz morre com elas.

A certeza vai-se tornando incerta e vaga.

E o amor traz a distância, o silêncio que acende nostalgias, o medo de ficar só, um verso amordaçado na voz, mãos que deslizamnum rosto fechado e um fim quase sempre inevitável.
Um dia… fomos felizes.

Quase felizes. Ou nem por isso... O que é o amor?

Sim, o que é o amor?

Gostar de alguém – dizem as definições mais lineares.

Gostar como?

Para proteger?

Para dominar?

Para ser amado?

Para dar tudo sem limites?

(Mas o sem limite é perfeição, e os amores perfeitos, porque exigem muito,destroem-nos por dentro)

O que é o amor?

Carência?

Partilha?

Um desejo que não se fica na pele,mas vai até à alma?

A secreta fruição de uma presença serena?

A fugacidade do delírio?

Uma forma inquieta de querer?

Uma forma almejada de entrega?

Um dar-se tanto e pouco receber?
Não sei que mais pensar...

Que mais dizer... No entanto, pese embora a tristeza, o desalento de tantas ilusões desvanecidas, de tanta solidão não repartida, decidi escrever algoque falasse de um amor generoso, comsabor a terra prometida, definitivo na sua temporalidade,iniludível, sem dúvidas, ansiedades, corações driblados, remorsos, gestos de punhais, sonhos destroçados.

Palavras que, não definindo o amor, transparecessem, contudo, a sua essência.

Não sei o que pensar…O que dizer…
Sinto apenas, ensaiando perguntas e respostas, que embora estas palavras não traduzam rigorosamentea definição do amor,nem fecundem de plácida certeza os dias que hão-de vir,aqui e agora,o meu amor és tu.

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